5 de agosto de 2013

Black Sabbath - 13 (2013)

Muita coisa acontece em 35 anos. Muitos dos mais ávidos fãs desta gloriosa banda nem sequer estavam vivos há 35 anos atrás. E foi esse o período de tempo que demorou para o Black Sabbath voltar lançar um disco com músicas inéditas com sua formação (quase) original. Não há palavras suficientes capazes de descrever o tamanho da expectativa que um acontecimento deste tamanho carrega. Afinal, estamos falando de uma das mais lendárias bandas da história da música, e talvez “A” mais importante banda de todo o segmento do heavy metal. E todo o dramalhão envolvendo a saída do baterista Bill Ward do projeto, só serviu pra aumentar as especulações sobre o resultado final da empreitada.
O resultado acabou sendo pura e simplesmente uma aula de heavy metal, do começo ao fim do disco. Claro que não cabem as comparações com os antigos clássicos da banda, afinal já se passaram quase 4 décadas, e a grandiosidade histórica daqueles álbuns é um patamar extremamente difícil de ser alcançado. Mas “13” faz jus à toda expectativa e o peso que o nome da banda carrega.
O que falar dos riffs de Iommi? Simplesmente geniais, como sempre foram, desde o primeiro minuto do primeiro álbum. Ninguém arquiteta a sonoridade sombria e maquiavélica do jeito que o mestre Iommi faz. A cadência, o peso e a dissonância causam aqueles arrepios na espinha, os mesmos desde a primeira vez que escutei o riff inicial de “Iron Man” pela primeira vez, lá com meus 12 anos.
Geezer Butler é outro monstro. Privilegiado por um bom trabalho da produção, que deixou seu baixo destacado no álbum, Butler espanca suas 4 cordas com a avidez de um homem das cavernas atacando sua presa com um pedaço de osso. É a melhor lição para muitas bandas atuais, que na ânsia por tocar mais alto e mais distorcido, deixam as graves freqüências do bom e velho baixo se perderem na mixagem.
Ozzy Osbourne era uma das incógnitas. Apesar de sua voz inconfundível ser elemento fundamental dos álbuns clássicos da banda, os últimos trabalhos do Madman tinham sido sofríveis, com muitos efeitos na sua voz na tentativa de maquiar os problemas que o tempo trouxe. Mas não foi o que aconteceu em “13”. Sua voz soa direta, sem exageros e reconhecendo todas as limitações técnicas, tangível e orgânica, e acima de tudo, nostálgica!
Talvez a maior das incógnitas ficou por conta das baquetas. Brad Wilk, do Rage against the Machine, foi colocado na fogueira de substituir o lendário Bill Ward. E acabou se saindo bem. Reproduzir a insanidade dos espancamentos que Ward promovia nos discos há 40 anos atrás seria pedir muito até para o próprio Ward. Em “13”, Wilk adota uma postura mais sóbria, mais ”arroz e feijão”,  demonstrando bastante respeito pelo legado de Ward, e deixando mais espaço para as outras lendas fazerem seu trabalho.

Em muitos momentos, algumas músicas te deixam com aquela sensação de “déjà vu”, quase que um “auto-plágio”, mas que só aumenta o sentimento de nostalgia que o álbum imprime. Guardada todas as proporções, “13” é mais um grande trabalho (talvez o último) para entrar no hall de uma das mais lendárias discografias da história da música.


Lucas Peixoto.

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